1932 - Lyceu Rio Branco (3)
TERNOS DE CASIMIRA E DE BRIM, ENXOVAL DO LYCEU RIO BRANCO
Pesquisa Nelson Bassanetti
No início de 1932, no Ginásio Municipal, dirigido pelo “Lyceu Nacional Rio Branco”, de São Paulo, atual prédio da FATEC, funcionavam os cursos de Jardim da Infância, Escola Primária, Curso Ginasial e Escola Normal Livre. Existiam ali alunos externos, que tinham aulas no período das 7,40 às 11,50, com fiscalização da assiduidade e comunicação das ausências aos pais, não sendo permitida a sua saída sem pedido formal da família; alunos semi-internos, que ficavam durante todo o dia, freqüentando as aulas de manhã e estudando à tarde, tendo ali o almoço e a merenda e alunos internos, que ali moravam, vivendo com diretores e professores que também ali residiam. Os alunos menores, que ocupavam dormitório especial, deitavam-se às 20,00 horas; os maiores, às 21,00 horas, todos se levantando às seis e meia. Durante a noite, um guarda noturno rondava os vários dormitórios e dependências da casa e em cada salão dormia um professor. Nos grandes salões do primeiro pavimento estavam os refeitórios com capacidade para 200 pessoas, servindo o café da manhã, o almoço, a merenda e o jantar. Existia uma rouparia que cuidava do conserto e lavagem das roupas dos alunos. Ao ser admitido para matrícula, o aluno era examinado pelo médico do estabelecimento, era pesado e submetido a mensurações torácicas e da estatura. Todos eram vacinados contra varíola e febre tifóide. Para os alunos internos, ali funcionava salão de cabeleireiro e barbeiro e também o serviço de engraxate. Semanalmente eles eram obrigados a escrever aos pais e tinham permissão para sair todos os domingos e feriados, não podendo pernoitar fora do Colégio. Como prêmio de estudos e comportamento, os maiores podiam, desde que os pais não o proibissem, sair logo após o jantar por 20 minutos, sem chapéu, nas imediações da Escola. Existia um enxoval para os internos que devia ser marcado com o número de sua matrícula na Escola, consistindo de: 1 terno de casimira; 4 ternos de brim; 6 camisas com 2 colarinhos cada uma; 12 lenços; 12 pares de meia; 3 gravatas; 3 pares de sapatos; l camisa esporte; l boné ou chapéu para recreio; l chapéu para sair; 6 ceroulas; 2 toalhas de banho; 3 pijamas; 1 par de chinelos; 4 lençóis; 6 toalhas de rosto; l cobertor de lã; 4 fronhas; 3 colchas brancas; 6 guardanapos; l pente grande; 2 sacos para roupa usada; l escova para roupa; l escova para dente e l tesoura. O Lyceu se responsabilizava pelos objetos a ele confiados e os devolvia na ocasião da saída do aluno, no estado em que se encontravam, devendo ser substituídos em caso de estrago e não se responsabilizava pelo extravio de objetos pessoais de uso dos alunos.
Os métodos de ensino seguiam os existentes na Escola Rio Branco de São Paulo, e Colégio Pedro II do Rio de Janeiro.
Aplicava-se a disciplina de persuasão, sem castigos deprimentes, mas apelando sempre para a responsabilidade individual, nos mínimos atos, impondo aos alunos os melhores hábitos sociais pelo respeito sem temor aos superiores, pela compreensão da ordem no trabalho, estima e simpatia aos seus iguais, e aproveitamento econômico do material de trabalho.
Assim, naqueles idos se preparavam não só inteligências adestradas, mas o futuro cidadão completo, dotado do espírito de disciplina social consciente, atributos pessoais de que tanto carecia o Brasil.
As fotos e a matéria foram colhidas no livro de divulgação da escola editado em 1931, pertencente à família do Sr. Antonio Girol, aluno da Escola.