MOZART DA COSTA NUNES UM NOME PARA NÃO SE ESQUECER
Nelson Bassanetti
Essa é uma homenagem ao jornalista Mozart da Costa Nunes, proprietário da revista “O Século”, que existiu de 1934 a 1959, cujo conteúdo é uma verdadeira relíquia histórica de Catanduva.
Mozart foi uma pessoa com espírito devotado a Catanduva, que nos deixou um inestimável arquivo histórico e fotográfico retratados na sua revista “O Século”. Poderia faltar tudo a Mozart, inclusive dinheiro e saúde, mas jamais a disposição, a coragem e o entusiasmo de lutar por esta terra que tanto amou e valorizou. Em “O Século”, primeiro jornal, depois revista, Mozart consumiu sua vida madrugada adentro, ora empunhando o seu lápis escrevendo suas brilhantes crônicas, vazadas em excelente estilo, ora debruçado sobre a caixa dos tipos, ou ereto na sua “Minerva” ou ainda sobraçando a sua máquina fotográfica, tudo e sempre, no afã de propagar Catanduva e difundir vigorosamente seus feitos.
Pouco lhe importava o seu bem estar, o seu progresso material, contanto que a sua “Cidade Feitiço” avançasse, atingisse os louros da vitória que seu desejo almejava. Perto de Mozart não se podia, nem por pilhéria, referir-se a Catanduva com desdém. A reação não se fazia esperar, era imediata, incisiva e convincente.
O tesouro de Mozart era a nossa cidade, a sua gente hospitaleira, a sua cultura, o seu Carnaval, a sua história, o seu passado de trabalho construtivo, o seu progresso, as praças ajardinadas, os seus edifícios, as suas ruas movimentadas, a igreja de São Domingos com sua decoração e quadros do imortal Benedito Calixto que Mozart não se cansava de admirar e ia reproduzindo nas páginas de sua revista.
Lucro? Qual nada, a matéria remunerada não bastaria para cobrir a conta da clicheria. Mas, que importância tinha isso? “O Século” estava na rua com suas páginas coloridas, repletas de ilustrações e de matéria selecionada insuflando a vitalidade local.
Isso era o principal para Mozart, porque ele consagrava o melhor esforço para ela e nada o detinha seguindo sua rota sem vacilações. Se não conseguisse papel “couchet” para a edição, estava triste, a revista não sairia como queria, tinha alma de artista e os flagrantes fotográficos deveriam espelhar a realidade dos acontecimentos com nitidez. Sempre enfrentou dificuldades financeiras com a revista. Dizia ele: “A revista tem que continuar e cada vez melhor; será o meu legado a Catanduva. O meu sonho é que “O Século” seja base para quem, num futuro distante, vá cuidar da história da nossa cidade”.
Mozart da Costa Nunes é um Catanduvense que foi sem realmente partir, pois a sua obra ficou para a posteridade.