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Artigos - 16/07/2013

COMANDANTE ROLIM DA TAM, BREVETADO EM CATANDUVA

Rolim Adolfo Amaro nasceu no dia 15.09.1942, em Pereira Barreto, Estado de São Paulo. Com 13 anos abandonou a Escola na sétima série para ajudar nas despesas da casa, sendo aprendiz em várias profissões, mas o vírus da aviação estava em seu organismo.

Aos 18 anos Rolim foi às escondidas para Catanduva tratar do brevê. O curso de aviador era caro. Para formar-se eram necessários 45 horas de vôo e seu dinheiro conseguido com a venda de uma lambreta, só pagava 22. Mesmo assim mudou-se de Fernandópolis para Catanduva, desfazendo-se também de alguns objetos pessoais: anel, despertador, calça de linho, uma jaqueta de couro e até o radinho de pilha de estimação, levando consigo uma única calça preta para não denunciar a sujeira, um solitário par de sapatos, dois pares de meias e duas camisas do modelo conhecido na época como “volta ao mundo”. Durante o dia se oferecia de graça para pequenos serviços no Aeroclube e à noite, com um biribinha emprestado, fazia ponto na cidade onde faturava alguns trocados.  Morava em Catanduva, numa pensão barata, na Rua Pernambuco com uma única refeição por dia; ou almoçava, ou jantava. Comera tanto bife de fígado que não podia ver mais o prato. Quando fez as horas de vôo para ser brevetado não tinha nenhum centavo e faltava pagar 10.000 cruzeiros, que era a taxa de inscrição do exame final. Ao recorrer a um tio, teve que dar meia volta. Ele lhe disse que o sonho da sua mãe era vê-lo como balconista das Casas Pernambucanas e que ele preferira ir atrás da aviação, coisa de vagabundo e louco, portanto que fosse trabalhar.  Muitos anos mais tarde, instalado no escritório com vista para os seus aviões, que decolavam a todo o momento em Congonhas, diria que um amigo surgira toda vez que estivera necessitado. “As pessoas não podem perder a fé”, afirmava, “não devem se entregar, por maior que seja o problema”.

Rolim tinha a capacidade de extrair o melhor das pessoas e isso levou a TAM a chegar ao topo da aviação brasileira. Ele entendeu que as empresas aéreas são muito parecidas no básico, equipamentos e rotas, velocidades e escalas e que autonomia e características técnicas pouco variam entre concorrentes. O que faz toda a diferença é o ser humano. O sorriso da comissária, o empenho da equipe de terra em diminuir um tempo de trânsito, o piloto que capricha no speech, o diretor de marketing que ousa, esses são os verdadeiros heróis que transformam um monte de aviões numa verdadeira empresa aérea, porque na outra ponta do tapete vermelho, está a sua espera sua majestade, o Consumidor. Com essa percepção e trabalho, ele ultrapassou a concorrência, voou non-stop ao coração dos seus passageiros e colaboradores e abriu seu caminho num país onde a aviação, tornada ultra dependente do poder público, sempre subsistira à sombra de favores e negociatas e ele, a seu modo, fez o caminho inverso.

Vencera no negócio mais difícil do mundo, uma atividade altamente dependente de capital (para comprar aviões), de gente (no atendimento), de energia (combustível), todos os fatores isolados já caracterizam uma empresa de alto risco. Por que tudo isso? Aonde ele desejava afinal chegar? Em um momento de reflexão, certa vez disse o que acreditava ser o maior mérito de sua história. Ela serviria, segundo ele, especialmente aos jovens. “É preciso mostrar que é possível fazer, transformando sonho em realidade”. Quando morreu em 08.07.2001, em acidente aéreo perto de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, sua companhia tinha 8.000 empregados, 98 aparelhos, dos quais 58 jatos com mais de cem lugares, transportava um milhão e meio de passageiros por ano, um faturamento  anual de mais de um  bilhão de dólares numa seqüência de dez anos de lucros consecutivos. A TAM continua firme e forte, mas, com o falecimento de Rolim, ela ficou sem a aura de seu líder carismático, vibrante, ousado, um guru de marketing, um caipira internacional, sendo considerado um dos Empreendedores do Século em concurso realizado pela revista “Isto é”.

 “Rolinianas”

 “Pense muito antes de agir”.

“Para ganhar credibilidade, é preciso executar uma interminável série de ações corretas; Para perdê-la, basta um erro”

“Trabalhe na causa, não no efeito”

“O caminho para o sucesso não é fazer uma coisa 100% melhor, mas fazer cem coisas 1% melhor”.

“Lembre-se de que aquilo que o cliente vê vale mais do que você fala”.

“Se o empregado desconhece a missão da empresa e a sua própria, será apenas um assalariado e, portanto, infeliz”.

“Nós precisamos de pessoas que tomem decisões. Peque por ação, não por omissão”.

 “É sabido que o homem positivo é aquele que vê, em cada problema, uma oportunidade. E o negativo é aquele que faz de cada oportunidade um problema”.

 “Toda grande obra é fruto da obsessão de um sonhador”.

 

 

Pesquisa de Nelson Bassanetti no livro “O sonho brasileiro”, de Thales Guaracy (2003)

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