Theatro São Domingos
Nelson Bassanetti
Cine República
De propriedade da firma Mário Degani & Filhos foi inaugurado em 1926, o Cine Teatro São Domingos cujo prédio ficava na Rua Alagoas, Praça da República, que foi demolido em 31.03.84 para dar lugar à agência do Bradesco. Em 1929, seu nome passou para Theatro República assumindo seu controle a Empresa Pellegrino & Filhos (José Ângelo Pellegrino, Mário e Januário Pellegrino), mais tarde Empresa Paulista de Cinemas e que já eram possuidores do Cine Central. Naquela época os filmes ainda eram mudos e existia um conjunto musical que fazia a trilha sonora dos filmes. Segundo Diomar Ziviani, em relato de Mirian Leão Pellegrino Ferreira, o professor Anísio Borges tocava pistão e seu cunhado Fausto, piano, acrescido de outros músicos que conforme as cenas executavam um tipo de música. Quando o filme era interessante os músicos ao prestarem atenção no enredo relaxavam, por assim dizer, no seu trabalho e eram advertidos por Mário Pellegrino com uma espécie de senha: “Joaquina”, pronunciada com ênfase e eles voltavam a se empenhar. Em 1931, o filme “Despertar da Vida”, em espanhol foi o primeiro filme falado que passou aqui. Entre os anos de 1930/1950, vários filmes de escritores famosos marcaram época nesse cinema: David Copperfiel, do autor Charles Dickens; As Aventuras de Huck de Mark Twain; Os Miseráveis e O Corcunda de Notre Dame de Victor Hugo, Hamlet de Shakespeare, O Fantasma da Ópera de Gaston Laroux e outros como King Kong, Drácula, Frankstein e também filmes dos Irmãos Marx, Charles Chaplin, Gordo e Magro, etc. Também era freqüente por aqui a atriz Greta Garbo, imortalizada como A Divina, nascida numa família pobre, em Estocolmo em 1905, estrelou várias produções hollywoodianas e construiu uma imagem única na indústria do cinema. Dos penteados que usava aos olhos azuis acentuados, a atriz era, para os homens, uma sedutora enigmática e, para as mulheres, uma personalidade segura e altiva. Por trás do glamour que exibia estava uma mulher tímida e reservada que não gostava da fama tanto que mergulhou numa vida reclusa fugindo do assédio da imprensa e morrendo em 1990 no anonimato como sempre desejou. Em 1956, foi inaugurado a tela em cinemascope passando o filme “Demétrius, O Gladiador”, com Victor Mature e Suzan Hayword. Por ser um prédio estruturado para teatro com fosso para orquestra e balcão com frisas, era utilizado para formaturas e eventos significativos que ocorriam na cidade. Tivemos apresentação da orquestra húngara de ciganos Gabor Radics, da argentina da Rádio Belgrano de Buenos Aires; de óperas pela Cia. Lírica Italiana Dora Solima, Shows humorísticos com Zé Fidelis, Walter D”Ávila, cantores como Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Sílvio Caldas, Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Osny Silva, Nora Ney, Jorge Goulart, várias peças teatrais com a presença sempre freqüente do ator Procópio Ferreira. Para nós só ficou a saudade e a lamentação de não termos preservado esse prédio para a posteridade.
Pesquisa Jornal “A Cidade” – Arquivo Museu Padre Albino