Cine Bandeirantes (antes e depois)
As fotos mostram as esculturas existentes no antigo Cine Bandeirantes que estão preservadas cujo espaço é ocupado por uma garagem. (tem placa de locação). Fotos do arquivo de Nelson Bassanetti.
Comentário de marco A. Oliveira
Em meu mestrado de Antropologia tive de escrever um texto sobre o estruturalismo de Lévi-Strauss. Escolhi falar sobre a distribuição da plateia do Cine Bandeirantes na famosa Sessão das Moças, às terças-feiras, nos anos 1950. A sessão lotava, com casais de diferentes níveis, tipos e expectativas no relacionamento: jovens ainda namorando sentavam-se nas fileiras da frente; casados geralmente ficavam no fundo; "flertantes" e casais ainda em formação, no centro da plateia; e, lá no balcão... bem, lá tudo era diferente, um pouco mais livre, digamos...! Havia, portanto, uma espacialidade que se estruturava em silêncio no seio da própria coletividade, inconscientemente obedecida por todos. Era como se a sessão ao mesmo tempo designasse, e então confirmasse, a escolha de cada casal sobre o status de sua relação, A sessão era uma espécie de lugar e hora "da verdade" no "inconsciente coletivo" (não no sentido junguiano) da população, em plena vigência ali! Na USP, minha professora, uma especialista em Lévi-Strauss de renome mundial, achou a ideia muito original - e ficou sabendo, afinal de contas, que uma vez existiu uma Sessão das Moças, num chamado Cine Bandeirantes, numa cidade do interior chamada Catanduva, nos anos 1950!