Padre César
Nelson Bassanetti
Padre César (Giovanni Cesare Cauda), nasceu em 1923, na região de Piemonte, Itália. Fez votos perpétuos em 1944, ordenou-se presbítero em 1948, veio para ao Brasil ainda jovem, junto com outros padres da Doutrina Cristã e para Catanduva em 1949. Foi morar num simples barracão que tinha sido máquina de arroz na esquina das ruas Maranhão e Recife, adaptou o prédio para um Pensionato e logo em seguida iniciou o curso primário para crianças do sexo masculino. com o nome de Ginásio “Dom Lafayette”, em homenagem a Lafayette Libãnio. Bispo da Diocese de São José do Rio Preto. Era empreendedor e passou por dificuldades, mas sempre com ímpeto de ensinar e crescer a escola passou a receber alunos dos dois sexos e fez uma promessa para aumentar o número de alunos e quando atingiu 1.000 alunos em 1988, passou a Escola para o nome de “Jesus Adolescente”.
Quando aqui chegou, o Padre César revolucionou a criançada com a sua “missa das nove”, tinha vivacidade, entusiasmo, cantava, gesticulava, e junto com professoras da escola dava aulas de catecismo após a missa de domingo e distribuía santinhos, introduziu o microfone, andava de lambreta pela cidade e para aumentar a receita resolveu montar um cineminha.
A invenção era simples, a projeção de filmes no salão que existia nos fundos do Pensionato. Arriscou novas despesas, montou o salão, comprou as cadeiras, máquina e começou a funcionar com filmes alugados do Trida. Eu ia à missa, ao catecismo e às matinês de domingo, isso em 1953/1957.
Tinha só uma máquina de projeção, a cada parte do filme havia uma pausa para a troca do rolo, oportunidade para o banheiro.
Ele anunciava os próximos filmes e os cartazes ficavam afixados na Rua Maranhão, defronte à entrada do Pensionato. E todo mundo gostava dos filmes de Roy Rogers, Tarzan, Gordo e Magro ou dos Três Patetas.
O salão tinha capacidade para 160 pessoas e sempre lotado, às vezes com gente nos corredores, e com freguesia firme O preço era bem camarada e nas matinês ainda valiam os “cartões de catecismo” que era uma forma de “puxar” a meninada para ir à missa e frequentar as aulas de catecismo
Muitas coisas interessantes aconteceram durante seus sete anos de funcionamento. Uma delas era a bronca da assistência quando o mocinho beijava a mocinha ou quando apareciam artistas com as pernas de fora ou com pouca roupa e o Pe César ficava passando as mãos na frente da lente de projeção e a plateia vibrava com os mocinhos, vaiava os bandidos, ria nas comédias ou chorava como a “Paixão de Cristo”
Padre César voltou para a Itália em 1997, viveu em Turim, dando seu testemunho de religioso, tinha saudades de Catanduva e que seguramente o enriqueceu, o dignificou e se tornou precioso diante de Deus. Morreu em 2006, em Turim, junto aos seus confrades.
Muitos aqui em Catanduva se recordam dele com saudade e dão graças a Deus pela sua vinda ao Brasil, tinha energia criadora e usou seu carisma para a formação humana cristã nos jovens.
Seu nome é um orgulho para a cidade, e pilar para inúmeros jovens que com os seus bons ensinamentos frutificaram na vida. A ele, a nossa eterna gratidão.
Pesquisa de Nelson Bassanetti em várias fontes e artigo do Professor Sérgio Bolinelli.