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Artigos - 19/02/2016

JOSÉ LINS DO REGO E O PERÍODO DE OURO DE CATANDUVA

Nelson Bassanetti

José Lins do Rego é autor do romance “Menino de Engenho”, que retrata o ano de 1920 na Paraíba. Após a morte de sua mãe, o menino Carlinhos é enviado para o Engenho Santa Rosa para ser cuidado pelo avô e pelos tios. Lá ele tem sua iniciação na vida afetiva e testemunha as transformações sociais e econômicas que surgem com o desenvolvimento da indústria canavieira. Descreve a vida dos escravos, a senzala, o sofrimento e os castigos no tronco, as injustiças e crendices comuns como o lobisomem e mostra à seca, os bandidos e cangaceiros, comuns na região, como única forma de reação social de um povo oprimido. Quando cresce e vai para o Colégio, já não é mais o garoto ingênuo e inocente que chegou ao engenho.

O jornalista e romancista José Lins do Rego nasceu no Engenho Corredor, Pilar, PB, em 3 de julho de 1901, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de setembro de 1957. Eleito em 15 de setembro de 1955 para a Cadeira nº. 25 da Academia Brasileira de Letras foi recebido pelo acadêmico Austregésilo de Athayde.  Fez as primeiras letras em Itabaiana, PB, estudando depois em João Pessoa e Recife, onde revelou pendores literários. É de 1916, o primeiro contato com O Ateneu, de Raul Pompéia. Em 1918, aos 17 anos, José Lins travou conhecimento com Machado de Assis, através do Dom Casmurro. Desde a infância, já trazia consigo outras raízes, do sangue e da terra, que vinham de seus pais, passando de geração em geração por outras pessoas, sempre ligados ao mundo rural do Nordeste açucareiro, às senzalas e aos negros. Fez a Faculdade de Direito do Recife. Sua amizade com Gilberto Freyre marcou uma nova fase de influência em seu espírito, através das ideias novas sobre a formação social brasileira. Casado em 1924 com D. Filomena Masa Lins do Rego, transferiu-se em 1926 para a capital de Alagoas, onde passou a exercer as funções de fiscal de bancos até 1930 e fiscal de consumo, de 1931 a 1935.  Em Maceió, tornou-se colaborador do Jornal de Alagoas e passou a fazer parte do grupo de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda e outros. Ali publicou seu primeiro livro, Menino de Engenho (1932), obra que se revelou de importância fundamental na história do moderno romance brasileiro. Em 1933, publicou Doidinho, o segundo livro do Ciclo da Cana de Açúcar. Em 1935, já nomeado fiscal do imposto de consumo, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a residir. Integrando-se plenamente ao ambiente carioca, revelou a sua faceta esportiva, sofrendo e vivendo as paixões desencadeadas pelo futebol, o esporte de sua predileção, torcendo pelo Flamengo e sendo secretário geral da (CBD) Confederação Brasileira de Desportos de 1942 a 1954.

Sua criação literária foi baseada nas histórias de Troncoso, contadas pela velha Totônia e pela leitura de Os Doze Pares da França de Carlos Magno, que ele leu aos 12 anos, depois recebeu influências de Victor Hugo, Proust, Hardy, Stendhal e os grandes russos de sua vida: Tolstoi, Thecov e Dostoievski. Entre os nacionais ele cita Raul Pompéia, Machado de Assis, Gilberto Freyre e Olívio Montenegro. Além de Menino de Engenho e Doidinho escreveu: Banguê, Moleque Ricardo, Usina, Pureza, Pedra Bonita, Riacho Doce, Água Mãe, Fogo Morto, Eurídice e Cangaceiros. Desses seus livros foram filmados: Pureza, Menino de Engenho e Fogo Morto.

Em Catanduva

Em 02.04.1944, José Lins do Rego visitou Catanduva, sendo recepcionado e homenageado pela Comissão de Esportes em almoço no Restaurante do Café da Esquina, conhecido por “Esquina do Pecado” e situado no quadrilátero da velha Praça da República e depois, à noite, fez conferência no Clube Sete de Setembro. Nessa conferência, à mesa principal estavam presentes as pessoas mais representativas de Catanduva naquela época. O Prefeito Municipal Sr. Sílvio Salles, o médico Dr. Octacílio Lopes e os advogados Dr. Sebastião Basto e Dr. Cristóvão Fernandes, tendo este último feito à apresentação do notável literato. Ele produziu formosa peça oratória focalizando o nordestino, homem de têmpera rija que tinge de tonalidades alegres mesmo os transes mais amargos de sua acidentada existência, tendo sido ovacionado e cumprimentado ao final de sua palestra.

Pesquisa em várias fontes e a parte de Catanduva no Jornal “A   Cidade” – Arquivo Museu Padre Albino

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