MINGUTA, UM DOS FUNDADORES DE CATANDUVA (3 fotos)
Nelson Bassanetti
Com relação à fundação de Catanduva não se sabe ao certo quem estabeleceu aqui os primeiros fundamentos do antigo “Cerradinho”. Uns, e com maior certeza ,atribuem essa glória a Antonio Maximiano Rodrigues; outros a Joaquim Lourenço Dias Figueiredo e outros menos informados a Minguta, cujo nome era Domingos Borges da Costa.
Hoje vamos falar de Minguta, velho cariboca destas plagas que se radicou nas cercanias da povoação nascente, à beira dum riacho, o qual conserva seu apelido. Em 1897, ele adquiriu de Antonio Maximiano Rodrigues 10 alqueires de terras destinados ao plantio de milho, na fazenda Barra Grande. Era descendente de família portuguesa que veio para o Brasil em 1747. Nasceu em 1847, em Águas Virtuosas, Estado de Minas Gerais e por volta de 1885/1892 ele e seu irmão Alarino Borges da Costa, resolveram se embrenhar no sertão Paulista e chegaram aqui. Ao que se sabe morava numa casa de pau-a-pique, perto do córrego Minguta, no final das ruas Teresina e Manaus, onde começava seu sítio que se estendia até a região da atual Rodovia Washington Luiz. Tinha o seu carro de bois e ele mesmo era o carreiro que transportou pedras para o alicerce da Igreja Matriz. Conforme o costume dos mineiros tinha monjolo e também moinho, engenho, olaria e vacas de leite. Levantava muito cedo e ia por um trilho reto da sua casa à Igreja onde diariamente assistia missa e comungava. Era conhecido pelas alcunhas: Patriarca, Capelão, Padre, Rezador, Igrejeiro, Sacristão e se sentia honrado com os apelidos. Era defensor de Padre Albino que não foi bem recebido por aqui, considerado muito sério e até orgulhoso. Dizia que Padre Albino era um Santo Homem e seria o pai da pobreza neste lugar. Minguta andava de pé no chão ou com alpargatas por ele fabricada, sem paletó e com chapéu de palha e assim se apresentava na sua simplicidade e era presença obrigatória em festas de aniversários, batizados e casamentos. Certa feita recebeu de um advogado de Taquaritinga um convite de casamento e para que ele se apresentasse bem arrumado este lhe mandou de presente um terno de casimira, par de botinas de borzeguim, meias finas, boa gravata e camisa de colarinho. Minguta foi ao casamento no seu traje costumeiro e recebeu mesmo assim uma boa acolhida. Ele faleceu com 74 anos em 6 de setembro de 1921 e foi a primeira pessoa a ser sepultada no cemitério Nossa Senhora do Carmo, na quadra 9, túmulo 1. Na sua despedida falou o advogado Dr. Renato Bueno Netto, que depois de 49 anos, em 1970, foi sepultado defronte ao túmulo de Minguta, bem no lugar de onde fizera o discurso fúnebre. Foi casado com Dona Maria José Gonçalves e teve oito filhos e este é o relato da vida de um homem que não era rico; que não tinha cultura elevada; que não se vestia elegantemente; desprendido e sem pretensões; Católico verdadeiro e fervoroso, viveu amando a Jesus e se tornou vulto eminente. E assim a cidade de Catanduva o homenageou, deixando registrado em três locais para a posteridade a sua passagem pela Cidade Feitiço: Tem seu nome o rio que passava por seu sítio, que hoje recebe o contorno da Avenida José Nelson Machado; sua figura foi moldada em estátua e colocada à beira desse rio numa pracinha nas proximidades do Restaurante “La Bucca Italiana” e também aquela linda praça localizada no Higienópolis, defronte ao Colégio Nossa Senhora do Calvário, Colégio Nossa Senhora Ressurreição e entrada do Bosque Municipal.
Pesquisa de várias fontes e principalmente a do Monsenhor Victor Rodrigues de Assis – Arquivo Museu Padre Albino