PÁSCOA PELO MUNDO, UMA CELEBRAÇÃO À VIDA!
Nelson Bassanetti
Os pagãos comemoram o início da primavera; os cristãos, a ressurreição de Cristo e os judeus, a liberdade.
Muito mais que um motivo para se empanturrar de chocolate, a Páscoa tem uma tradição que remete, acredite, a milhares de anos antes do nascimento de Jesus. A festa tem origem no judaísmo; o Pessach (passagem), marca a fuga do povo hebreu do Egito, comandada por Moisés, pelo Mar Vermelho. Jesus era judeu e praticante e a Santa Ceia seria essa celebração. Segundo o Novo Testamento, era costume libertar um prisioneiro na Páscoa, por aclamação popular. Em vez de Jesus, o povo escolheu Barrabás, condenando o Messias à morte na cruz. No cristianismo, a Semana Santa relembra os últimos momentos de Jesus na Terra, sua entrada em Jerusalém (Domingo de Ramos), sua prisão (Quinta Feira Santa), morte (Sexta Feira da Paixão) e Ressurreição, que se tornou a Páscoa Cristã.
Simbologia
Ela está também ligada a costumes pagãos para comemorar o fim do inverno e o início da primavera, numa celebração à renovação da vida, sendo o principal símbolo o coelho que saltitante, é o primeiro sinal da primavera representando a fertilidade e o costume de presentear os amigos com ovos coloridos. A ideia de unir a simbologia do ovo com o sabor do chocolate ocorreu depois do século 18. A nobreza europeia confeccionava ovos de ouro, recheados de diamantes e a população adaptou o costume com algo mais econômico, primeiramente o açúcar e, mais tarde, o chocolate, expressando o recomeço e a vitória da vida sobre a morte.
Ecos da Semana Santa em Catanduva em 1953
Nessa Semana se realimentou a fé Cristã com celebração das cerimônias milenares que vão atravessando os tempos, reproduzindo toda a odisséia de Jesus Cristo que morreu na cruz para nos salvar. Começando pelo Domingo de Ramos, na Igreja Matriz de São Domingos foi comemorada a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém onde foram abençoados os ramos e as palmas de coqueiros levados pelos fiéis que segundo a tradição são usados para minorar tempestades. Na Quinta e Sexta Feira Santas, a cerimônia do lava-pés que é lição de humildade seguindo os ensinamentos do Mestre que, na última ceia, depôs o manto, cingiu-se de toalha e lavou os pés dos discípulos. Veio a seguir o Ofício das Trevas, que simboliza a prisão de Jesus no Horto e o abandono do Mestre pelos seus discípulos. Depois foi rememorado o pungente drama do calvário e após a morte, o Senhor foi guardado, visitado e beijado por todos os fiéis. Em seguida houve a procissão do enterro ou do Senhor Morto, durante a qual se ouviu uma pessoa com voz plangente representando Verônica, que foi sua acompanhante em todo o calvário e lhe ofereceu o véu para que limpasse o rosto. Nesses dias, nas cerimônias da Igreja, o sino foi substituído pela matraca.
Sábado de Aleluia e Páscoa
Fora da Igreja, e por tradição, malhou-se um Judas que foi o mais criativo que localizamos. O grande decorador Oscar Valzachi, por encomenda de Orestes Medaglia, Augusto Canoso, Antônio Piccolo e outros, fez um Judas no capricho e o colocou sentado numa cadeira no Jardim da Praça da República. Ao bimbalhar os sinos anunciando a Aleluia, um “carrasco” todo vestido de vermelho, acompanhado de banda de música, saiu da Praça da Matriz, desceu a Rua Brasil indo até onde ele se postava. Ali, depois de ser lido o testamento, este subiu à forca sob a gritaria dos presentes foi impiedosamente judiado. Aí estouraram as bombas que arrebentaram o corpo de palha e papelão e entre labaredas de fogo e fumaça via-se e ouvia-se o zunido das bordoadas da pancadaria que desceu sobre aquele que traiu e vendeu Jesus Cristo. Uma nota: Atualmente estão tentando indultar Judas Iscariotes (vide endereço no final), que de traidor passou a colaborador. Fala-se agora, que ele não era o paradigmático vendilhão pintado por São Mateus, nem o pau-mandado de Satã demonizado por São João e sim o mais fiel, confiável e pragmático dos apóstolos. Se isso for verdade um novo estafermo deve substituí-lo. Nesse dia na Igreja Matriz foi feita a bênção do fogo, do círio pascal, da água da pia batismal e como era o fim da quaresma os véus roxos e negros foram recolhidos dando lugar aos liriais, e os fiéis meditaram sobre a paixão e morte de Cristo, a sua descida aos infernos e eis que no domingo este salvando-se subiu aos céus e comemorou-se em procissão o seu triunfo com a Ressurreição. O Domingo de Páscoa é o dia festivo da vitória do amor, da esperança, do sorriso, da alegria, dos cânticos celestiais e do aconchego com o qual a humanidade se entrelaça esquecendo ressentimentos, despedindo os rancores, apagando ódios, reunindo a família numa ceia sublime como fez Jesus com os seus apóstolos, todos buscando a paz, a harmonia, a tranquilidade e a fraternidade.
Pesquisa em várias fontes e na Revista "O Século" de Mozart da Costa Nunes