Casa de Fazenda (13 fotos) (Leiam a história do café que é antológico)
Tirei essas fotos visitando os resquícios de uma casa de fazenda no município de Catanduva, construída no início do século passado, tempos áureos do café. No final das fotos verão as pinturas incrustadas na parede da varanda.
(Pesquisa de Nelson Bassanetti)
De posse de um livro “Velhas Fazendas” de Vladimir Benincasa, no item ‘O Café e a fazenda’ ele fala da difusão do café pelo Ocidente: Procedente da Abissínia, norte da África, mais precisamente da região de Kaffa, de onde teria originado seu nome, o café, todavia, não teve uma fácil aceitação pela cultura ocidental por ter vindo de uma região de cultura muçulmana e herege pelos padrões católicos da época. Ele foi descoberto na Arábia e Turquia por mercadores venezianos que o introduziram na Europa O café foi tratado no século XVI, como um estimulante pecaminoso e associado às drogas alucinógenas, como o ópio, bebidas de elementos pagãos. A má fama espalhou-se pela Europa. Posteriormente, na Inglaterra, com a abertura das primeiras casas de café em Oxford e em Londres, não tardaram a surgir outros tipos de protesto contra a bebida. Em um deles, um panfleto de senhoras Londrinas reclamavam que: ‘a bebida gasta a força viril dos homens tornando-os tão áridos como as areias da Arábia, de onde dizem que veio esse grão maldito; e, se se perseverar nesse gosto funesto, os descentes dos nossos robustos antepassados não serão, em breve, mais do que uma verdadeira raça de miseráveis macacos e pigmeus’. Segundo Basílio de Magalhães (O café na história, no Folclore e nas Belas Artes), a permanência dos homens, nestas casas de café, até altas horas da noite, possibilitando encontros extraconjugais, seria a causa mais provável da revolta feminina. Outros panfletos classificavam-no como bebida repugnante e inominável, xaropes de fuligem, quintessência de sapatos velhos, alardeavam que beber café era afastar-se da natureza. Muito provavelmente, a verdadeira causa desta discriminação era outra. O café tornara-se temido pela terrível ameaça econômica que lhe era associada pelos agricultores europeus: uma nova bebida que poderia vir a roubar o mercado de vinho e da cerveja e, pior que isso, planta tropical, não poderia nunca ser cultivado na Europa. A contrapropaganda do novo produto, porém, não surtiu o efeito esperado. Cheia de atrativos, a nova e exótica planta de frutinhos vermelhos acabou por se tornar uma bebida rara, cobiçada e cara, para mesas selecionadas. Defendida por intelectuais e pela nobreza, era tida como o licor do Oriente. No ano de 1708, havia 3.000 casas de café em Londres. O café guardava ainda, porém, um forte apelo de bebida exótica, rara. Suas sementes possuíam valor precioso, sendo presenteadas entre pessoas que se pretendiam sofisticadas. Na Alemanha, tão grande foi a aceitação da bebida que o grande compositor Johan Sebastian Bach compôs a Cantata do Café, no ano de 1732, no qual exalta as suas qualidades. Foi na França, porém, que a aceitação do novo produto deu-se de maneira mais rápida, apaixonada e sem preconceitos. Num anúncio parisiense do século XVIII, exagerado e pretencioso, enaltecendo qualidades que, evidentemente, só os vendedores conseguem enxergar, liam-se as seguintes maravilhas sobre o café: Seca todo o humor frio, fortifica o fígado, alivia os hidrópicos pela sua qualidade purificante, igualmente soberano contra a sarna e a corrupção do sangue, reforçando o coração e o seu bater vital, alivia aqueles que têm dores de estomago e que tem falta de apetite, é igualmente bom para as disposições frias, úmidas ou pesadas do cérebro. O café chegou ao Brasil em 1727 pelas mãos do sargento-mor de Francisco de Mello Palheta e plantadas no Pará. Depois, no final dos anos de 1700, foi para o Rio de Janeiro e depois nos anos de 1800 para o restante do Brasil. Aqui na região de Catanduva, o café chegou por volta dos anos de 1900, abrindo a cidade e trazendo o progresso para a “Cidade Feitiço”.