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Política - 13/04/2015

JK em Catanduva – eleição de 1955

Pesquisa de Nelson Bassanetti

Dados de Catanduva: População 40.000 habitantes (25.000 na cidade),  6.000 prédios e o prefeito Sr. Carlos Machado.

Dia 16.08.55 - O ambiente frio que aguardava à visita de Juscelino Kubitscheck e João Goulart a Catanduva sofreu grande transformação na sua chegada saltando à liça valores insuspeitados e a velha flâmula do PSD drapejou ativamente. Em poucas horas operou-se uma reação edificante e é certo que a visita do candidato mineiro constituiu uma demonstração eloquente da vitalidade pessedista-getulista.  No dia 17 a chegada se deu às 16 horas no Aeroporto local. Durante o dia espocaram-se os rojões, surgiram faixas com o nome grafado irregularmente “Jucelino” e carros de propaganda circularam por aqui e pelas cidades vizinhas convidando o povo para o comício onde afluiu volumosa multidão. Iniciado às 19 horas o “meeting” que foi irradiado por cinco emissoras – duas de São Paulo, duas do Rio de Janeiro e a ZYD5 local, com os candidatos e sua comitiva chegados ao palanque armado na Praça da República sob vivas manifestações. No palanque havia vários representantes políticos  tanto locais como das cidades vizinhas e líderes sindicais  com suas delegações postados à frente empunhando faixas com dísticos. O primeiro orador foi o Dr. Orlando Zancaner, na época vereador e prócer pessedista o qual deu boas vindas aos visitantes manifestando confiança na vitória. Seguiu-se na tribuna o Sr. João Goulart, que evocou a personalidade e a obra de Getúlio Vargas salientando da necessidade dos trabalhadores votarem no Sr. Juscelino Kubitscheck, pois este será o continuador da obra do  Sr. Getúlio Vargas. Em seguida falou o Sr. Emílio Carlos analisando a situação nacional sustentando o imperativo de se salvar a democracia brasileira com a eleição de Juscelino Kubitscheck. Finalmente fez uso da palavra o ex-governador de Minas, saudando o povo de Catanduva, aludindo à capacidade de trabalho de São Paulo e ao espírito cívico da gente bandeirante, dizendo  que no seu governo em Minas Gerais havia copiado o ímpeto realizador dos paulistas  e que pretendia levar tal disposição para a esfera federal. Após breve exórdio da conjuntura nacional focalizou o trinômio (energia – transporte – alimentação) consistente do seu programa e que alguma coisa de novo tem que acontecer  e que devemos estruturar a nossa riqueza. O Brasil de hoje se apoia numa coluna que é São Paulo cujo povo com o seu trabalho  introduziram a cultura do café que é a única base da nossa economia. Não podemos permanecer na situação que se encontra o Brasil. Aqui temos uma imagem do que devemos realizar. Vou para o posto mais alto do governo da República para atacar de frente os problemas do nosso país. Em suma não saí para o Brasil para ameaçar o povo nem ameaçar a minha Pátria, saí em missão de paz, trabalho, de ordem e de progresso e se for eleito, possa apenas aspirar não à pompa e a vaidade do cargo, mas a este título honroso de ser o trabalhador número um da grandeza do Brasil. Antes de terminar se colocou a disposição para receber sugestões ou responder a interpretações. Três populares fizeram perguntas às quais respondeu, exaltando a Legislação Trabalhista criada por Getúlio Vargas, declarando que sofreu pressão para retirar sua candidatura e que prestigiará  a Petrobrás. Finalmente, após breve peroração agradeceu aos oradores que o haviam saudado, convidando o povo de Catanduva para assistir a sua posse, subscrevendo na saída com dois mil cruzeiros um livro de ouro de formandos e viajando em seguida para São José do Rio Preto. 

Antes de Juscelino aqui estiveram em campanha para presidente da República os candidatos Plínio Salgado e Juarez Távora.

Plínio Salgado,  em 04 de julho em comício da Praça da República,  disse que sua candidatura não nasceu de conciliábulos nem de conchavos de grupos analisando depois toda a sua obra doutrinária ao longo de 25 anos de pregações cívicas de apostolado nacionalista frisando o seu patriotismo e a sua honestidade e devotamento a causa pública provocando lágrimas  entre muitos   ouvintes sendo o comício encerrado com o povo cantando o Hino Nacional. O chefe perrepista  jantou na casa do Sr. Dr. Virgilio Mastrocola, presidente do PRP local,  tendo viajado em seguida.

Juarez Távora e Milton Campos juntos com Jânio Quadros, governador do Estado de São Paulo aqui estiveram em 05 de agosto.  Falaram o deputado estadual Dr. Antonio Mastrocola, depois Milton Campos, em seguida Jânio várias vezes interrompido por aplausos e finalmente Juarez Távora, bastante aplaudido.

Depois de Juscelino aqui esteve em 24 de setembro  o Dr. Adhemar de Barros também candidato a Presidente prometendo enfrentar os problemas com iniciativa e dizendo que o que domina o Brasil é a rotina burocrática  e a displicência e o que falta aos nossos Estadistas é o conhecimento do mundo  e que esteve por 12 vezes no Velho Mundo  e que iria trazer de lá 240 indústrias sendo três de automóveis, dizendo que  iria sacudir o Brasil e acordá-lo. Disse que  já fazia 50 anos que não tínhamos um Paulista como Presidente e que o último foi Rodrigues Alves em 1918. Em seguida pediu votos para Antonio Stocco e Francisco Galli candidatos locais a prefeito e vice  para o pleito que se avizinhava encerrando o comício e dirigindo-se em seguida para a casa do Sr. Antonio Stocco e depois  para São José do Rio Preto.

Fechando o ano político novamente aqui esteve em 26 de setembro o governador Jânio Quadros juntamente com o senador Auro Moura Andrade  pedindo votos para Juarez Távora e Milton Campos e apoiando José Antonio Borelli e Dr. Orlando Zancaner  candidatos locais a prefeito e vice na eleição de 03 de outubro.

 

Resultados da Eleição:  (Em Catanduva)

Presidente: Adhemar 3.564, Juarez 3.524, Plínio 1.190 e Juscelino 385 (4,4%).

Vice-presidente: Milton 3.938, Danton Coelho 2.406 e João Goulart 580.

Para prefeito: Borelli 4.952 e Stocco 3.711 e Vice: Zancaner 5.064 e Galli 3.569.

No Brasil ganhou Juscelino com 3.077.411 votos (36%) vindo a seguir Juarez, Adhemar e Plínio. Para vice-presidente ganhou João Goulart com 3.591.409 votos seguidos de Milton Campos e Danton Coelho.

Análise

JK (sigla criada por Adolpho Bloch da extinta revista Manchete) foi presidente de janeiro 1956 a janeiro de 1961, período considerado pelos saudosistas como os “anos dourados” era culto e agregador e tinha bom trânsito tanto entre a elite como a população mais humilde e conseguia unir as pessoas em torno de seus objetivos. Com o programa “cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo” lançou o Brasil no rumo da modernidade construindo rodovias e hidrelétricas, inaugurou a indústria automobilística, levou o progresso para o centro do país  com a fundação de Brasília, colocou os bens de consumo como geladeira e televisão ao alcance da classe média e a nossa economia cresceu 8% ao ano. Em contrapartida o campo ficou estagnado e com a gastança desordenada deixou como legado a inflação e vultoso endividamento  e terminou seu mandato cercado por denúncias de corrupção e clientelismo. Nas eleições de 03 de outubro de 1960 lançou para sucedê-lo o marechal Teixeira Lott  mas Jânio Quadros (O homem da vassoura) capitalizou o descontentamento de grande parte da população  com os custos excessivos do desenvolvimento juscelinista ganhando a eleição (48% dos votos) e tomando posse em 31 de janeiro de 1961.  Nos anos subsequentes após a sua saída do governo era corrente o bordão: “JK voltará em 1965 com o programa cinco  anos de agricultura e cinquenta anos de fartura”. Foi cassado  pela revolução de 1964 não mais disputando cargos políticos e  faleceu em 22.08.1976  com 73 anos de idade em acidente de carro na Via Dutra, perto de Resende, Estado do Rio de Janeiro.

 

Pesquisa  no “Jornal A Cidade” e “Revista O Século” existentes no arquivo do Museu Padre Albino, sito à Rua Belém, 647,  em Catanduva).

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